O amor é lindo!

O amor é lindo!
O nosso amor começou na adolescência...

domingo, 23 de dezembro de 2007

SAUDADES

Sander Lee

A setilha "Natal é tempo de paz", de Luciene Soares, moveu o meu espírito de uma forma, que vi-me na minha cidadezinha, ainda pequenino, quando achava tanta graça em receber (debaixo da cama) os carrinhos de plástico (tão cheirosos!!!) do Papai Noel; ou maiorzinho, andando de roda gigante... para mim festa ainda tem cheiro de maçã do amor, de bombons de chocolate, de sorvetes e tantas outras guloseimas daqueles natais simples de cidade pequena. De reprente, deparei-me feliz e triste. Feliz por ter vivido essas coisas boas; triste porque, inevitavelmente, essas lembranças atrevidamente me dizem que algumas personagens não voltarão mais ao palco da vida: papaizinho, para quem minha irmã Célia fazia questão de trazer alguns bombons da festa de rua e, sentada em seu colo, colocá-los em sua boca, beijando-o em seguida; minha avó Maria, que sem entender nada da Bíblia tentava fazer-nos católicos fervorosos. Como eram maçantes suas prédicas! Entretanto, lembro hoje com muita ternura...

E são tantas coisas, que as prefiro dizer através de Reminiscência, de Ziraldo, porque é como se fosse a história de todo menino, de cidade pequena, que sonha em ser gente na vida:

"Nasci numa pequena cidade de Minas. Até aí nada demais. Muita gente nasce em cidades pequenas, distantes e quietas. Seria feliz, de qualquer maneira, se quem lê neste instante pudesse saber a alegria que existe em se nascer num lugar assim, em que as ruas pequenas e estreitas, as altas palmeiras, a água macia da chuva que cai sempre, as muitas estrelas e a lua, as pedrinhas das calçadas, a meninada, a carteira da sala de aula, a mestra e mais uma quantidade destas lembranças simples sejam, mais tarde, influências reais na vida da gente. Na vida de quem, afinal, preferiu enfrentar a cidade grande: as águas desse mar, a luz dessas lâmpadas frias, a sala fechada, triste e sem perspectivas em que se ganha a vida, a cadeira quente e insegura das tardes de ir e vir — pura fadiga — das empresas, a luta, a dura luta de ser alguém, um peixe grande em mar estranhamente grande. A verdade é que, um dia, a pensar e refletir na grama macia da pracinha da matriz, a criança decidiu sair."

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