Foi do meu pai que herdei,
Vate Severino Dias,
Pois em suas poesias
Inspiração encontrei
No versejar era rei
Nas rimas era doutor
Foi o maior professor
Outr'igual tá pra nascer
Eu aprendi pra não ser
Aluna de cantador.
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Meu versejar é peralta
Como criança travessa
Canto certo, cant'avessa
Rima para mim não falta
Já está pronta a ribalta
Pra noite do esplendor
Onde cantarei o amor
A paz, o riso, o prazer...
Eu aprendi pra não ser
Aluna de cantador.
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Gosto da brisa no rosto
De montar no alazão
Das cantigas do sertão
Da tardinha, com sol posto
Da pimenta que dá gosto
Da manhã com seu frescor
Da voz do aboiador
O seu gado a tanger
Eu aprendi pra não ser
Aluna de cantador.
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No murmúrio da cascata
Eu aprendi a rimar
Quando o pássaro cantar
Eu faço a duplicata
Madrigal e serenata
Pois o meu verso tem cor
Tem perfume, tem sabor...
Feito pra enternecer
Eu aprendi pra não ser
Aluna de cantador.
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Minha cas'era lugar
De se reunir poetas
Onde traçavam as metas
Que deveriam cantar
"Mané" Xudu explicar
Lourival, grande cantor
Zé Alves, um esplendor
João da Silveira, o saber
Eu aprendi pra não ser
Aluna de cantador.
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* Luciene Soares, poetisa paraibana, filha do poeta pernambucano Severino Dias (será brevemente lançado o seu livro in memorian), autor de "A Caneta e a Enxada".
